quarta-feira, dezembro 30, 2009

o último post de 2009

2009 não foi um ano marcante. Foi um ano calmo, demais até. Não houve nada de relevante em 2009 tirando uma viagem a Londres a dois - depois de mais de um ano e meio sem férias - e muitos momentos a três e entre mãe e filha. Só isso já deveria deixar-me de coração cheio, é verdade, mas eu confesso que preciso de mais. Sou um ser insatisfeito por natureza. Não no sentido da avidez, da cobiça ou do 'abocanhamento' (se é que esta palavra existe), mas para me sentir eu, completa e feliz, preciso de sentir que todo o meu corpo está vivo e não apenas metade dele.
Em 2009 eu andei dormente, meio adormecida. Maravilhada pela plenitude da maternidade em full-time e sufocada ao mesmo tempo. Já disse que ter um filho é avassalador, mas tão desgastante. Senti-me sozinha muitas vezes. Sobrecarregada outras tantas. Ter um filho abalou as minhas estruturas e certezas enquanto mãe, esposa e mulher, fez-me pensar na vida a dois e em mim mesma, mas também demonstrou que não deve ser o fim - mesmo quando eu pensava que isso me bastava - mas um ponto de partida, um início para tudo aquilo que ainda me falta fazer e construir.
Acredito piamente que comigo as coisas, ou melhor, a vida, funciona por ciclos. Geralmente depois de um ciclo bom vem um mais 'down', pronto, ruinzito. Não é que 2009 tenha sido mau, foi apenas sem emoção, sem graça, insípido, sem qualquer excitação que me tenha deixado a cantar e com vontade de gritar ao mundo tamanha felicidade. Eu sem emoções fortes não me sinto eu. Preciso de ter aquele friozinho na barriga, aquela alegria que parece rebentar o peito de contentamento, mas nem o mar infinito que me serve de vista diariamente me serviu de consolo.
Senti-me igualmente isolada e abandonada numa terra que não encaro como minha. Fez-me ver quem é que esteve (ou não) verdadeiramente do meu lado, quem é que realmente foi e é, meu amigo. Fez-me fazer escolhas e constatar que um filho não nos muda só a nós, mas também os que nos rodeiam e que as pessoas evoluem em direcções que não são necessariamente as mesmas que as nossas e que temos de aceitar, mesmo que nos custe e que isso signifique que afinal, aquelas amizades que julgávamos para a vida, não o são. 2009 teve a sensatez de me fazer pensar, mas também me deixou muito perdida em mim mesma. Tenho dias em que sinto um verdadeiro bicho do mato, outros em que ando serena, outros em que duvido de tudo, principalmente de mim própria... mas por outro lado, fui uma privilegiada... pude estar em casa o primeiro ano de vida da minha filha, coisa que poucas se podem dar ao luxo de fazer e algo que tantas querem e não podem. E eu quis e pude e por isso tenho de agradecer. A Madalena teve a sua mãe em exclusivo durante 10 meses, altura em que decidimos colocá-la no infantário para eu poder retomar os carris da minha liberdade e independência. Sacrifiquei muito da minha vida pessoal (e da profissional então nem se fala) para a ter e gozá-la como mereceu, mas valeu a pena, porque a verdade é que não sei se algum dia terei outro filho e mesmo que o tenha, o mais provável, é não poder vir a fazer o mesmo ou gozar sequer de semelhantes circunstâncias. Por isso, este ano foi meio sabático, meio limbo, meio purificador, meio individual, meio intimista, meio introspectivo. Mas também foi cheio de descobertas e de felicidade centrada em pequenas coisas, da distinção entre o supérfluo e o acessório, da valorização do termo 'família'. A minha própria família.
E é por isso que eu tenho a certeza que o novo ano que se adivinha será mais pleno, mais cheio, mais convincente, mais optimista e mais empreendedor. Uma nova fase na minha e nas nossas vidas, porque estas paragens são necessárias, nem que seja para depois renascermos das cinzas que nem uma fénix purificada.



Feliz 2010.

terça-feira, dezembro 29, 2009

running in heels

Sabem aquele programa que dá no canal 'E entertainment' da Zon sobre 3 estagiárias numa revista de moda, mais propriamente, a 'Marie Claire'?

Pois bem, ADORO!!


É que quando vejo aquilo, apesar da realidade editorial portuguesa ser assim um 'tanto-ou-quanto-muuuuiiiiiiitttttto' diferente, lembro-me de quando era jornalista e apesar de passar a vida a queixar-me, hoje, 3 anos depois de ter deixado de parte a profissão para a qual me formei, sei com toda a certeza de que é o jornalismo a minha grande paixão.
Jornalismo e revistas... femininas, de preferência.

E depois, vejo programas destes e bate uma saudade cá dentro, uma nostalgia tão grande, o de fazer parte de uma redacção, o de entrevistar pessoas, de saber as suas histórias, fazer produções, entrar nos estúdios, rever fotos e ozalides, procurar erros nas páginas, sublinhar gralhas...
Tenho saudades de tudo, até das coisas más. (é sempre assim não é? até numa relação passada temos tendência a lembrar-nos apenas das coisas boas e a 'esquecer' as más...)
E mesmo sabendo que actualmente só com um verdadeiro golpe de solpe e intervenção divina eu conseguiria fazer parte de uma revista feminina, ainda continuo a achar que um dia serei parte integrante da redacção da Glamour quando a mesma for editada em Portugal. (o que não deixa de ser um contra-senso, porque nunca me senti tão feia, velha, gasta, gorda, inútil, ultrapassada e sopeira, como agora...)




Coisas minhas, o que é que se há-de fazer?...




segunda-feira, dezembro 28, 2009

o espírito do Natal passado...


É um conto, eu sei, mas achei que serviria perfeitamente para explicar o que me aconteceu na noite de 24 para 25 de Dezembro.

Sonhei com o meu avô paterno, que já morreu há 16 anos.
Nunca me tinha acontecido, sonhar com o meu avô, ainda para mais na noite de Natal.

O meu avô só tinha uma neta, eu. Para ele eu era a 'menina' e apesar de não ser uma pessoa que verbalizasse aquilo que sentia ou o manifestasse fisicamente através de beijos e abraços, sei que tinha um lugar mais do que especial no seu coração. O meu pai, seu filho, é igual. Não é à toa que têm o mesmo nome.
O meu avô era apicultor. Criava abelhas e bicharada, tinha patos, pavões e perus a deambular pelo quintal. Vendia no mercado da fruta nas Caldas e aquilo para mim era motivo de orgulho. Qual era a criança que se podia gabar de comer fios de pinhões todos os dias? Nenhuma que eu conhecesse. Por isso, sempre que ia visitar o meu avô à praça, toda eu rejubilava com aquela parafernália de coisas onde a vista se perdia e a alegria se multiplicava. Ora era a balança de pesos que nunca consegui entender como funcionava, ora eram os canários amarelinhos, presos nas gaiolas, que cantavam à desgarrada como se a felicidade estivesse ali prestes a sair-lhes dos bicos em forma de melodia, ora eram os frutos secos que eu penicava à socapa, as caixinhas de framboesas que ele me mandava para casa porque sabia que delas fazia batidos, a moeda que me passava para a mão, ou o simple nogat de caramelo e pinhão que me adoçava a boca e acalmava a gulodice.

Era assim que o meu avô me mimava. Não era por palavras, nem por gestos carinhosos. Para ele, o carinho traduzia-se assim, na preocupação das pequenas coisas em me fazer feliz. Por me mostrar os animais, por me pôr em contacto com a natureza das coisas, por me mostrar como a vida, para além da nossa, tem multiplicações de formas, cores e feitios e que todos sentem, todos têm uma função, um papel a desempenhar.

Quando o meu avô morreu eu tinha 15 anos. Andava aluada com as hormonas da adolescência e apanhou-me em plenas férias de verão em casa de uma tia durante as festas de S. Pedro. No meio de tamanha excitação que eram aqueles dias, em que os rapazes eram a minha única preocupação, o meu avô decide morrer, assim, sem pré-aviso, sem dar sinais. Deitou-se bem de noite, já não acordou de manhã. O meu pai, seu único filho, ligou à hora do almoço para casa dos meus tios e disse-me que tinha de regressar.

'Porquê?' - perguntei eu contrariada - 'Porque o avô morreu' - disse do outro lado e desatou num pranto.

Foi a primeira e única vez que vi/ouvi o meu pai chorar.

Eu não chorei. Não chorei nada, nem uma lágrima verti. Lembro-me que a sensação que predominou em mim foi o aborrecimento por ter de me ir embora, por deixar aquele ambiente de festa, de carrinhos de choque, de primeiros beijos escondidos na calada da noite, para me enfiar em casa para chorar uma morte, - algo com o qual eu nunca tinha tido contacto na vida - e onde as lágrimas e a tristeza predominavam.

Fui contrariada, mas fui. Os meus tios enfiaram-me no carro deles e juntos fizemos a viagem de regresso, tendo os mesmos permanecido para assistir ao funeral.

Lembro-me também que não me vesti de preto e que choquei umas tias por levar uma camisa aos quadrados azuis e brancos com umas aplicações vermelhas em certas partes. (a moda na altura era terrível!)
'Qual é o problema?' - pensava eu - 'não estou aqui? não chega?' - e contrariando tudo e todos não a despi. Não bastava já cortarem-me as férias de verão na melhor parte, ainda queriam vestir-me? E, fazendo justiça à rebeldia típica destes anos, levei-a em jeito de afirmação.
Quando o funeral acabou implorei aos meus pais que me deixassem regressar com os meus tios. Eu queria era a feira, o voltar para o centro da alegria, para junto do rapaz que me interessava, o prolongamento da promessa de dias felizes. Queria lá saber de desgostos, de lágrimas vertidas, de mortes.
A minha mãe bracejava, revoltada que estava comigo.
' - Onde é que já se viu? O teu avô acabou de morrer e tu queres é festa? Nem pensar, nem pensar! Não vais nada, não vais nada! Ficas em casa' - e foi o meu pai, solidário com a minha juventude, com a inconsciência dos meus actos, com o facto de nem ter ficado abalada com a morte do meu próprio avô, que deu a palavra de ordem - 'Podes ir. É melhor ires mesmo.'
E foi assim, que eu, no dia em que o meu próprio avô foi a enterrar, regressei à feira de S. Pedro, às férias do Verão, aos rapazes e aos carrinhos de choque, ao ponto onde tinha deixado a minha diversão, para agir como se a morte do meu avô tivesse sido apenas um percalço no meio de tudo, algo sem importância.
Até hoje não me perdoo.
Hoje, com 31 anos, penso muitas vezes nisto.
Como fui capaz de fazer o que fiz? Como fui capaz de agir tão tolamente?
Devaneios da idade? Sim, é verdade, mas mesmo assim, a imaturidade foi tanta que não me consigo perdoar.
É por isso que, nesta noite de Natal, quando o meu avô me apareceu em sonhos pela primeira vez na vida, eu senti que ele, esteja onde estiver, me mandou uma mensagem, como se me dissesse: 'eu continuo aqui, eu gosto de ti'.
E se na altura não verti uma única lágrima, hoje, sempre que penso nisso, esvaio-me em água.









Desculpa.

domingo, dezembro 27, 2009

estou aqui...

...feita parva, sem saber muito bem o que fazer...

Não sei se continue nesta pasmaceira de pijama - que tem sido o meu dia - e me enfie na cama, a vegetar qualquer coisa que esteja a dar na televisão e a retraçar metade da caixa dos ferrero rocher que tenho aqui ao lado, ou se, me meta na banheira, num bom banho de imersão, seguido de uma sessão de tratamento caseiro (com direito a máscara facial), com os fantásticos produtos da Clinique que o meu gajo me ofereceu neste Natal!...


é que não sei mesmo o que faça. :-<


sábado, dezembro 26, 2009

Do Natal...

Ela: 'Ohhh, não diz papá?'

Eu: 'Não, só diz mamã. Mas diz 'pé', 'olá', 'bebé', 'tá aqui', 'ó-ó', já diz muita coisa.

Ela: 'Tens de dizer 'papá'! Coitadinho do papá! Madalena, olha, olha, 'papá', 'papá', 'papááááááá.'

Madalena: "MAMÃ".

Ela: "Não querida, é 'papá', diz 'papá'."

Eu: "Mas ela sabe perfeitamente quem é o papá, quando digo 'papá', ela olha para ele, mas não diz a palavra."

Ela: "Madalena, uh-uh, olha a avó, olha a avó: 'PPPPPAAAAA-PPPPPÁÁÁÁÁÁÁ'."

Madalena: 'MAMÃ'.




Ahahahahahahahahahaha
(desculpem-me, mas não resisti, porque foi assim o Natal todo...!!)

quarta-feira, dezembro 23, 2009

crise matrimonial

Pergunta: 'Sabem o que é que provoca uma pequena 'pseudo discussão' matrimonial antes de ir para a cama?'

Resposta: Provoca uma ida ao cabeleiro com pack completo:

- lavar
- cortar
- pintar
- fazer nuances
- fazer unhas
- fazer sobrancelhas
- fazer buço.

Tempo despendido: 4 horas e meia.
Resultado: cabeça às riscas tipo zebra.

já vos disse que odeio o Natal - parte II

Pois bem, a juntar a tudo o que foi dito no post anterior, a minha crise natalícia agrava-se indecentemente, quando, conformada e pronta para pôr mãos à obra e passar as próximas horas dedicada à confecção de doces, me deparo de que não disponho da forma necessária e extremamente importante para a execução das respectivas iguarias! Ficou esquecida na casa da sogra há uns bons meses atrás.





Começamos bem, portanto...

terça-feira, dezembro 22, 2009

já vos disse que odeio o Natal?

É que para além dos stresses que me proporciona, da correria desenfreada de compras e afins em shoppings que ficam impossíveis e impróprios à circulação, de apanhar filas intermináveis em todo o lado (nas caixas para pagar, para estacionar o carro, para sair dos parques, na auto-estrada, etc., etc.), de andar aos encontrões e cotoveladas a toda a gente aonde quer que vá, de embrulhar presentes como se fosse um duende da Polónia, de me pôr a trabalhar que nem uma moura (e ainda nem metade fiz do que tenho para fazer amanhã!!), do ter de fazer doces e afins como se fosse uma 'maria sopeira', para além de tudo isto e como se não bastasse, hoje ainda gastei 231 euros no supermercado em compras para a consoada e respectivo dia natalício.
Porra mais o Natal! Tomara já que passe!

domingo, dezembro 20, 2009

Pronto, depois de um dia de chuva, vento e frio, vem uma notícia destas! Brittany Murphy morre, aos 32 anos de idade, vítima de ataque cardíaco.
E eu, que nada sabia, que não vi telejornais o dia inteiro - porque cá em casa passa a vida a 'rolar' o dvd do 'Panda vai à escola 2' à hora das refeições - aqui na santa ignorância.
Juro que pensei, assim que li o título da notícia no jornal 'i online', que tinha tido um acidente, ou que se tinha desgraçado toda com uma droga qualquer. Confesso que tenho as minhas dúvidas em relação ao dito 'ataque cardíaco', à verdadeira razão da sua morte, como se a pobre coitada, por ser famosa, rica e mundialmente conhecida, não tivesse direito a morrer como o comum dos mortais.

E sim, fiquei chocada, mesmo não a tendo como referência como actriz.
Choca-me sempre as mortes jovens. É um desperdício de vida.

prendas, fitas e muita mão de obra!

Eu confesso, desconhecia completamente a 'tradição' de ofertar educadoras de infância e auxiliares em alturas festivas. Tanto desconhecia que nem fazia intenções disso, mas quando comecei a ler pela blogosfera fora de que era prática corrente, fiquei assim a modos que, APARVALHADA!!
Ora eu, que não dou prendinhas a grande parte da minha família, vou dar à educadora e auxiliares? 'Naaaa' - dizia eu - 'é que nem pensar', 'onde é que já se viu', e mais coisas que tais, sempre muito segura e convicta das minhas afirmações (como sempre), para depois escarrar para o ar e cair-me em cima (como sempre). Um dia destes, quando andei nas compras de Natal com a minha amiga Cátia, eis que lhe coloco a fatídica questão que tanto me andava a atormentar: '-Olha lá, tu costumas dar presentes de Natal à educadora das tuas filhas?', e ela, logo muito despachada e enérgica como só ela sabe ser, afirmou muito convicta: ' - Claro, ofereço sempre. Este ano vai uma coisa mais modesta, mas dou sempre.'
E pronto, com esta resposta eu fiquei logo arrumada e tive de me dar por vencida. Ainda tinha esperaça que ela me dissesse, ' - Achas? Estás louca? A vida está cara e isto aqui não é o da Joana', mas não. A minha Cátia, tão poupadinha, sempre aflita da vida a contar os tostões, dá prendinhas à educadora e se ela dá, que tem duas filhas, muito mais obrigação tenho eu de dar também que só tenho uma. Não é que eu não goste da educadora e das auxiliares, antes pelo contrário, são um amor de miúdas, mas pronto, só não sabia que isto era 'normal', até porque, é a primeira vez que sou mãe e uma pessoa nunca pensa nestas coisas antes de passar por elas.
Pois bem, uma vez que estávamos juntas, decidimos então procurar algo para oferecer, assim baratinho como a malta gosta mas com nível, sem parecer que foi comprado nos chineses, a cheirar a mofo, bafiento e/ou sem qualquer utilidade.

E nas minhas pesquisas e indagações para 'the perfect gift', descobri isto:
Umas mantinhas com um desenho todo 'fashion', em tons de castanho, com um laçarote de cetim do mesmo tom a envolvê-las e que custaram - naquela minha loja de eleição e que eu passo a vida a fazer publicidade (sim, a Primark!!) -, a módica quantia de 3€ cada! Escusado será dizer que dei cabo do stock! Trouxe mantas para a educadora, para as auxiliares, para a minha avó, para as avós dele e feita estúpida, esqueci-me de trazer uma para mim! Logo eu, que gosto tanto de mantinhas e estas ficavam TÃO bem com o meu sofá laranja e a minha parede castanha chocolate. Mas pronto, vim para casa satisfeita com a compra e já conformada de que vou fazer um brilharete com uma manta de 3€ que parece que custa 30€!

O pior foi que com tanta compra e zero embrulhos - que a loja não faz - hoje foi dia de me dedicar aos trabalhos manuais e, aproveitando o facto de o gajo ter ido trabalhar, de a miúda estar a dormir a sesta e de estar um frio do caraças lá fora, despachei tudo em pouco tempo, embrulhando prendas atrás de prendas: pais, sogros, afilhada, primas, amigas e tudo e tudo e tudo, completamente possuída pelo 'espírito natalício' que geralmente não tenho...


E pronto, agora tenho metade da sala ocupada de embrulhos que não são para nós!!

Um pequeno 'fait diver' que pode ser útil

Eu confesso que desconhecia os poderes da lixívia na lavagem das nódoas difíceis! E quando falo em difíceis, refiro-me àquelas proporcionadas por miss Madalena, que me enche bodies atrás de bodies e babygrows com manchas horrorosas e gigantescas de 'cócó'!!
Pois bem, as manchas de 'cócó', além de horrorosas e gigantescas, são daquelas nódoas que uma pessoa se vê grega para as tirar! São das que ficam e não saem por nada deste mundo, nem com lavagens consecutivas de máquina a 90ºC! E estragam a roupa toda! Quem é que tem coragem de mandar a miúda para a creche com um bodie com uma mancha amarelada de um '´cócó' do século passado apesar do mesmo já ter sido lavado mais de 3 vezes? Eu confesso, não tenho! E a colecção de bodies 'amarelados' foi aumentado cá em casa à velocidade da luz.
Pois bem, recentemente, descobri o produto infalível para reanimar todos os bodies e babygrows que sofreram a potência do ataque digestivo da minha garota: colocá-los na lixívia! Todos! Mesmo os coloridos!
Mal ela os despe e se os mesmos têm manchas ou estão, literalmente, impróprios para consumo e mais perto do caixote do lixo do que da máquina de lavar, a solução passa por: passá-los imediatamente por água bem quente debaixo da torneira, eliminando na hora, eventuais 'resíduos'. Depois, colocá-los dentro de um pequeno alguidar com lixívia e água morna e deixá-los 'marinar' durante uma hora (serve perfeitamente) e voilá! Saem branquinhos, branquinhos! Sem restos de cócós e demais nódoas que pensava estarem ali para durar!
Até em babetes completamente intragáveis com restos de comida solidificada eu faço isso e ficam como novos!
Convém é não abusar no tempo que a roupa fica de molho, senão, é bem provável que se a mesma for colorida, fique tutti-frutti!
E pronto, achei que devia de partilhar. É que eu fico felicíssima quando faço estas conquistas bem sucedidas e pode haver sempre alguém com as mesmas dúvidas e dificuldades que eu por aqui. :)

ando cá intrigada...

Se isto é um blogue privado, se eu sei quem são as pessoas que me lêem e se, à partida, eu sei em que países as mesmas estão, como é que eu ando a ter visitas de Inglaterra? Humm?
É que o contador de visitas não mente e já é a terceira vez que esse alguém cá vem.
Esclareçam-me!! (ou seja quem for, que se acuse).

sábado, dezembro 19, 2009

Gosto muito de você barbudinho...

Só nós, masoquistas assumidos, para nos enfiarmos num shopping no último fim-de-semana antes do Natal - com o mesmo a rebentar pelas costuras - apenas e só, para que a miúda, tivesse o privilégio de ver o senhor de barbas brancas ao vivo e a cores. A Madalena gosta tanto de Pais Natais que não estranhou nadinha. Teve a sorte de chegar quando faltavam 5 minutos para o 'barbudo' ir casa descansar - que isto de estar o dia todo com criancinhas ao colo também cansa - e nem teve de esperar, foi logo fotografada, tipo V.I.P. na passadeira vermelha. Sentou-se ao colo dele como se fosse o do avô, sorriu, bateu palminhas e ainda lhe deram presentes, entre eles um balão (outra coisa que ela ADORA!), por isso, estava nas suas sete quintas!
E ainda lhe fez olhinhos meio libidinosos, como que a dizer: 'anda, queres vir conhecer a minha casa?'

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Julie & Julia

Finalmente consegui ver. Finalmente, o filme pirateado que tínhamos cá em casa e que não tinha som nem legendas, foi substituído por outro que um amigo nos presenteou e ontem, só ontem, consegui estar perto de duas horas absorvida pela história.
Confesso que não sabia nada, absolutamente nada sobre o filme. Apenas que tinha a maravilhosa e inigualável Meryl Streep e para mim, isso já era motivo de sobra. Adoro-a, acho-a fantástica, queria ser amiga dela. É, sem dúvida, a minha actriz de eleição. É monstruosa a Meryl, tão boa que até dá arrepios.
Mas o filme, o filme tocou-me muito, muito mesmo. Às vezes há filmes assim, que sem motivo aparente me fazem chorar e eu ando ali, a lutar com as lágrimas, para que ele não perceba que me deixei levar pelas emoções e me goze como se fosse uma Madalena arrependida. Ontem consegui disfarçar bem. Ele não percebeu que aquilo que via projectado no ecrã, é, em parte, aquilo que gostaria que sucedesse comigo, num outro contexto, sem necessariamente envolver comida.
Com 31 anos sinto-me perdida. Sem rumo. Se os 30 são os novos 20, os meus estão a ser de fugir. Se esperei tanto pelos 30 para ser mãe, então, a dádiva da maternidade, estou a pagá-la bem caro. Se aos 30 era suposto já sabermos o que queremos, então eu sou a excepção que comprova a regra, porque sinto-me como uma criança acabada de nascer. Eu já não sou eu. Não me sinto segura como me senti com 20, nem certa do meu valor como me senti com 20, nem sei se realmente sei fazer alguma coisa. Duvido de tudo, até das minhas capacidades.
Tento continuamente motivar-me. Tenho dias em que acordo esperançosa, em que sinto que algo de bom vai acontecer nesse dia, em que esta fase está a chegar ao fim. Abro o email 500 mil vezes ao dia à espera de notícias boas, de surpresas, de algo que me faça dar pulos de alegria.

Nunca chega.

Tento ter iniciativa para as mais variadas coisas: entregar cv´s pessoalmente, tentar marcar reuniões, enviar sinopses dos meus livros, disparo em todas as direcções. Não acerto em lado nenhum. Ando sempre aos tiros no escuro.
Ver o filme de ontem foi confrontar os meus próprios fantasmas. Foi sentir-me frustrada comigo mesma. Foi uma dualidade interior.
Resta-me a esperança, como diz a minha Marlene, de saber que Saramago só publicou o seu primeiro livro com 40 anos.

Tenho 9 anos para não me considerar uma verdadeira falhada.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

...

Hoje fui até à estação dos CTT, em Mafra, perguntar se faziam parte da campanha 'Natal Solitário' para poder ajudar meninos carenciados enviando-lhes algo que eles tenham pedido ao Pai Natal. Fiquei a saber da iniciativa através do blogue da Helena e achei o gesto tão bonito que quis participar, mas logo por azar, aqui na minha zona, nenhuma estação dos CTT aderiu. :(
Fiquei mesmo triste, queria fazer algo por quem não tem Natal, principalmente pelas crianças, porque agora que tenho uma filha, percebo mais do que nunca, como deve ser triste o Natal de todos os meninos que não têm pais, que estão em orfanatos, em instituições de caridade, que não têm brinquedos, que nada recebem. E se soubesse que tinha feito uma criança feliz, acreditem, para mim, só isso já tinha valido a pena. Fiquei a saber que a estação dos CTT mais próxima que aderiu à campanha é a de Sintra. Ainda sou gaja para dar lá um salto e participar.
Hoje também tive outro sonho 'daqueles'. Desta vez não meteu água por assim dizer. Meteu... Anjos!
Fiquei de tal maneira impressionada com o sonho que quando acordei, tinha a imagem muito nítida na minha mente. Foi a primeira vez que sonhei com seres 'celestiais' por assim dizer, o que é algo inédito para mim... e não era apenas um anjo, eram muitos e tinham umas asas enormes, gigantescas e eram muito altos, muito grandes e imponentes.
Então decidi vir à net ver o que significava sonhar com anjos e encontrei isto:

'ANJO
Em qualquer situação- realizações em todos aspectos; todo o mal está sendo afastado de sua vida; na sua vida conjugal tudo ficará "azul". Boas notícias em breve. Sonhar com anjos ou outros seres celestiais é um dos melhores sonhos que se pode ter. Significam o fim de todos os problemas que nos atormentam. Em sentido espiritual, o sonho reflete nossa entrega ao Supremo. Se os anjos estão tristes, ameaçadores ou furiosos, a mudança será negativa e no sentido espiritual refletem os nossos temores e incertezas.'


Ora bem, acontece que os meus anjos eram negros (!!) e tinham um aspecto tipo Dementors, aqueles seres maléficos dos livros do Harry Potter... mas acho que também havia um anjo dourado (que devia de ser o 'anjo gay', aquele que gosta de dar nas vistas, o fashion victim, ou então, a ovelha 'negra' do rebanho). Ai que ainda sou excomungada por tanta parvoeira que me sai da boca para fora.
Ando toda torradinha desta cabeça, é o que é!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

A minha mãe

A minha mãe tem o dom de me desatinar. De me azucrinar a paciência. De me pôr descontrolada como mais ninguém consegue. De me tirar do sério.
Não me interpretem mal, eu adoro-a, mas pá... ela desatina-me! Porque a minha mãe, apesar dos seus 53 anos de idade, anda a passar uma fase em que se comporta como... uma MIÚDA!!! E eu não tenho paciência para a aturar, porque já me bastam os meus problemas, a minha vida, o meu desemprego, a minha filha e marido para tratar e cuidar e ainda tenho de 'levar' com as nóias dela, as 'merdas' dela, os desatinos dela, as exigências em querer que eu seja a 'dona de casa perfeita', aquela ideologia e educação de vassalagem ao marido sobre todas as formas e que ela quer, à força, incutir-me. Hoje, a conversa descambou por causa da 'merda' do Natal. (perdoem-me as asneiras, mas quando estou assim, como estou hoje, com o estado de espírito de hoje, só me apetece dizer asneiras, porque só assim parece que alivío o peso que trago cá dentro).
Tal como esperava, o Natal será na minha casa. Não o queria, confesso. Não me apetece ter trabalho com sogras e sogros, com pais e afins, ter chatices e confusões para que tudo e todos, 'aparentemente' estejam bem. Isto porque se fosse na casa dos meus sogros, os meus pais não queriam ir, logo, tem de ser aqui a 'je', a que apanha dos dois lados, a que leva por tabela, a aparar os golpes. E claro, já suspeitava, que por causa da porcaria do Natal, eu terei de me desdobrar em mil, de andar aqui a fuçar como uma escrava do século passado, armada em sopeira e em gata borralheira, a tentar agradar a gregos e a troianos. Já sabia que por causa do Natal viriam as conversas da treta de 'limpar a casa', do 'cozinhar', do ter 'isto e aquilo feito para que a tua sogra não critique', como se eu fosse uma desorganizada, como se a casa não estivesse limpa ou arrumada SEMPRE, como se eu fosse uma adolescente que deixa roupa espalhada pelo quarto ou por onde passa, como se não soubesse gerir as coisas ou a minha vida fosse caótica. Não imaginam o que ela me abrasou a cabeça com o baptizado, as chatices que me deu, os nervos que me fez, e agora vem o Natal, pois claro, porque já se passou mês e meio sem andar a chatear-me a sério e isso já é muito tempo!
Fod***, passei-me! Tive mesmo de lhe desligar o telefone! Ela nunca mais aprende que eu já não tenho 15 anos, que não manda em mim, que eu tenho a minha própria casa para cuidar, que ela tem a dela e na minha não manda, que temos vidas separadas, que é minha mãe e não minha amiga intíma a quem eu conto os meus problemas sentimentais.
Se não é o baptizado, a casa, ou o Natal, é outra merda qualquer, é o estar desempregada, é o 'isto está muito mau', é 'não podes gastar dinheiro', é 'tens de ser meiga para o teu marido', é o 'tens de fazer assim como a mãe te diz'....
ÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ
Há dias, como hoje, que só me apetece dar um berro bem alto e mandar todos dar uma curva ao bilhar grande!
É o que dá ser filha única. Se não é ela a abrasar-me a cabeça é o meu pai. Se não são os meus pais, são os meus sogros. Porra, às vezes acho que por mais que me esforce, por mais que até seja uma 'mulher convencional', que faz tudo 'by the rules', que tenho de andar continuamente a provar aos outros que eu 'sou a melhor escolha que o vosso filho podia ter feito', ou 'que sou a filha que vocês queriam ter'.
Às vezes, para não dizer, quase sempre, sinto-me sufocada. Deve ser por isso que tenho cada vez menos paciência. É por isso que o Natal me deixa sempre frustrada, que acabo por achar tudo uma grande fantochada. É a altura da família e da paz e do amor e a mim só me provoca é stress e ansiedade.
Não vejo a hora que esta altura passe. Chiça!

encontros com o passado

Ontem, enquanto fazia compras de Natal no Toys R´Us, e quando estava na caixa, eis que me deparo com a minha ex-patroa. A directora da agência onde trabalhei, que se encontrava na caixa ao lado, já a pagar e de repente, se virou para trás e dá de caras comigo. Sorriu muito e disse-me 'Olá Mafalda', cmo se tivesse tido um prazer sentido em ver-me, como se até fosse uma pessoa simpática e preocupada. Eu também sorri, embora amareladamente e perguntei: 'está tudo bem?', como mandam as leis e os protocolos da boa educação.
Não esboçei mais nenhum sorriso, não tentei fazer conversa, não perguntei como vão as coisas.
Não me apetece falar da minha filha a quem nunca sequer, teve a decência de me ligar a dizer que não me iam renovar o contrato, quando foi ela que assinou a folha. Não me apetece dar justificações da minha vida, se já estou ou não a trabalhar, a quem só o quer saber para seu próprio conforto pessoal, tendo a satisfação de confirmar que continuo na merda. Não me apetece ser cínica ou mentirosa e fingir que está tudo bem quando não está. Não me apetece saber se a outra já pariu o Sebastião, se têm mais clientes, se houve aumentos ou se as intrigas continuam na ordem do dia.
Não me apetece nada, por isso nem me mexi. Fiquei ali, na caixa, ao lado do meu marido, enquanto ela empatava na caixa ao lado a ver se à saída ainda nos cruzávamos.
Felizmente não aconteceu.
Isto de estar tanto tempo em casa, sozinha, enclausurada e fechada na minha própria concha, faz-me ter cada vez menos paciência para os outros, principalmente para quem não merece.
O que era o caso.

domingo, dezembro 13, 2009

sei que ela está a crescer...

...quando a vejo assim, rodeada pelos amigos e já a andar pelo seu próprio pé, de um para o outro, a fazer gracinhas e a ser o centro das atenções de toda a gente.
Sei que ela está a crescer, porque hoje, deixámos definitivamente o leite em pó de lata e passámos a beber o de transicção do 1 aos 3 anos e ela não só gostou, como bateu o seu recorde de sempre de leite em biberão (340!).
Sei que ela está a crescer quando refila comigo, cheia de personalidade, quando lhe faço alguma coisa que não gosta.
Sei que ela está a crescer quando me vê preparar a água do seu banho ao meu lado e a dispo, de pé, para entrar para a banheira.
Sei que está a crescer quando come sozinha o segundo prato e se chafurda toda, feliz da vida pela conquista.
Sei que está a crescer quando diz 'Olá' quinhentas mil vezes ao dia, como se fosse uma papagaia, ou quando chama 'Ma' (mamã) por mim.
Sei que está a crescer quando lhe peço uma festinha e ela me dá várias, quando me penteia (ou tenta) os cabelos, quando vê uma foto sua na parede e bate no peito em jeito de afirmação.
Sei que está a crescer todos os dias, mas hoje, olhei para ela e pensei nestas conquistas todas que esta garota, com 13 meses e 13 dias já faz e senti que este tempo não volta mais e passa tão rápido, tão depressa, que tive vontade de trancar o cheiro dela a cadeado para não mais me esquecer.

turbulência

É raro lembrar-me dos sonhos. Quando isso acontece, geralmente, é porque, ou acordei a meio de um e a imagem viva do sonho permaneceu, ou o sonho em si tinha algum elemento forte que me transtornou ao acordar e me fica na cabeça o dia todo a matutar.
Tive uma altura em que sonhava constantemente com desastres de avião. Sonhava com aviões que chocávam contra montanhas, aviões que caíam quando iam a levantar voo, aviões que explodiam, e por aí fora... acho que foi a minha fase '11 de Setembro' e ainda hoje, sempre que vejo um avião a descolar, tenho aquele fascínio macabro que me remete automaticamente para os sonhos, como se estivesse na eminência de uma desgraça.
Também me é muito comum sonhar com água. Águas tempestivas, águas turbulentas, águas agitadas, tal é a revolução que normalmente vai cá dentro. Já pesquisei várias vezes sobre o assunto e quase todas remetem para o mesmo: 'turbulência', 'stress', 'ansiedade' e demais coisas negativas por aí fora...

Ontem e hoje não foi excepção.

Ontem sonhei com uma onda gigante que veio, sem darmos conta, enquanto estávamos numa esplanada e 'varreu' tudo numa questão de segundos. Apesar do drama, consegui salvar-me, eu e ele, porque só nós dois é que estávamos presentes no sonho. E não escapámos apenas de uma onda, mas sim de duas e tentávamos que nem loucos subir a uma falésia alta. Alta o suficiente para não sermos colhidos pela onda. Lá conseguimos. Falei-lhe no sonho e ele riu-se. Tenho um marido que adora a temática 'catástrofes naturais', por isso, tudo o que são documentários e blockbusters sobre o assunto, ele 'está lá', se possível, sentado na primeira fila... daí ter achado piada e se ter rido. Já eu, não gostei nada daquela sensação de lutar pela vida e andei o dia todo a lembrar-me do momento em que aquela parede de água cresceu na minha direcção e eu me senti impotente e pequenina perante o desenrolar dos acontecimentos.
Hoje, bom... hoje sonhei que tinha de atravessar uma ponte de madeira sobre ondas do mar. Não sei de onde vinha, nem o que estava ali a fazer, mas lá estava eu, como se da praia viesse, de havaianas nos pés e saco à tiracole, a atravessar um mar imenso, bravio e tumultoso, sobre uma ponte de madeira, como aqueles passadiços que existem nas praias e que nos levam sobre o areal.
Desta vez ele não estava comigo. Eu estava com uma amiga (que nunca vi, nem mais gorda nem mais magra e que nem a cara ou feições, consigo recordar), mas ali estávamos as duas, quando vimos, ao longe, o desabamento de uma parte da falésia que estava junto à costa que provocou outra mega onda... e nós ali, na ponte, no meio do mar, a ver todo aquele cenário a vir ao nosso encontro...
Não sei como acabou este sonho. Não me lembro do final, não sei se acordei entretanto, não sei se me salvei. Só sei, que quando sonho com águas turbulentas é porque algo no meu intímo não anda bem.

Ou isso, ou o filme 2012 deixou-me muito impressionada.

sábado, dezembro 12, 2009

sei que estou a ficar velha...

... quando estas descidas bruscas de temperaturas se avizinham e me provocam dores nos ossos e no corpo como se fosse uma entrevada com 75 anos! Ontem, quando andáva às compras de Natal e me baixei para apanhar um artigo, tive perto de dar um gritinho lancinante em pleno shopping, mas lá me consegui controlar, cerrando os dentes bem forte e inspirando fundo. Mas hoje, em que o joelho latejava e a anca me provocava ferroadelas, já só me apetecia dizer asneiras e blasfemar a minha triste sina... Arreeee!

quinta-feira, dezembro 10, 2009

nem sei que título dar a isto...

Digam-me que sou doida, que não tenho mais nada em que pensar, que isto de estar desocupada me dá cabo do cérebro, que ando toda tostadinha, torradinha das ideias, ou que bati com a moleirinha quando era pequenina e nunca mais recuperei a tempo de ser uma pessoa normal... mas pá, esta semana, estava eu a tratar da miúda quando, de repente, lhe olho para a palma das mãos e reparei - assim com olhos de ver - o quanto ela tem uma linha da vida curta!
Aquilo até me deixou a bater mal, com o coração a bater acelerado, acho mesmo que tive um pico de stress emocional/adrenalina assim em 3 segundos com princípios de taquicardia. Não é que eu acredite muito nestas merdas, mas pronto, fiquei assim, a modos que, APAVORADA! Acagaçada de medo, MESMO!
E depois, queria olhar outra vez para a palma da mão dela e não tinha coragem e pensei cá para mim mesma: 'ah e tal, deves ter visto mal', mas aquilo não me saiu da cabeça e mesmo quando podia ter olhado novamente não o fiz, não olhei. Mas ontem, ontem estava eu e o pai a dar-lhe jantar e eu comentei isto com ele, mostrando-lhe as minhas suspeitas e lá estava ela, a linha da vida, curta e grossa, naquela mão pequenina. Ele claro, como homem que é, pragmático e racional (pelo menos bem mais do que eu), disse logo para eu parar com a porcaria da conversa.
Porque é isso mesmo, uma porcaria de conversa, mas não consigo deixar de pensar naquilo.
Mas, mas... e se algo acontece à minha garota?
(acho que, pelo sim pelo não, lhe vou tracejar a linha a marcador e fingir que afinal tive uma ilusão de óptica só para me mentalizar de que não devia de ler/acreditar/ficar impressionada com coisas estúpidas e sem qualquer critério científico!!)

quinta-feira, dezembro 03, 2009

do fim de semana

Não há famílias perfeitas, eu sei, e a minha não é exemplo para ninguém. Falamos alto, ralhamos mais alto ainda, somos pândegos, pouco distintos e barraqueiros, mas conseguimos ainda manter uma certa união familiar constante, que se traduz em convívios mais ou menos regulares, sempre em redor da mesa, onde comemos, bebemos, rimos e somos nós próprios.
Na pequena 'quintinha' dos meus tios fazemos muitas almoçaradas. As miúdas andam de baloiço, brincam com os gatos, vêem os animais. De verão sentamo-nos à sombra do alpendre, de Inverno refugiamo-nos dentro da casa, bebemos copinhos de aguardente e ginga caseira, assamos castanhas, cantamos fados. As árvores de fruto estão sempre carregadas das mais variadas iguarias. Este fim-de-semana andámos às romãs, às amêndoas e aos kiwis.
A Madalena só queria o colo do avô e fazia verdadeiras sessões de gritaria sempre que o meu pai pedia para 'descansar'. A minha filha tem uma verdadeira obsessão por homens... vai ao colo de todos, mesmo dos estranhos, já com as mulheres a conversa muda de figura.
À mesa reina sempre a confusão de pratos, de comida, de 'dá-me as batatas', 'pássa-me o arroz', 'não queres carne?', 'olha aqui o feijão'... e todos ficamos de barriga cheia, satisfeitos e bem dispostos. Nem a chuva nos demoveu, nem a lama que se agarrava aos sapatos. Seguiram-se os doces e os estômagos dilatantes, que de tão fartos, já não esticavam mais. 'Haja fartura', ouve-se dizer, entre outros ditados populares que sempre abundaram lá por casa.
Sentada à cabeceira da mesa, a minha filha repetia o segundo prato de carne com arroz e pão. Tão pequena e já tão nossa. A rir-se que nem uma perdida, feliz que estava com tanta gente em seu redor e a dar-lhe atenção.
Sempre quis ter filhos por isto, para que eles cresçam rodeados por esta harmonia familiar, que ainda existe. Para terem os avós, os tios, as primas em seu redor. Para que saibam e dêem valor de que isto que nós temos, apesar de pouco, é muito, é mais do que muitos têm, é algo de muito valioso, é algo que muitos querem.
A minha família também me chateia, tem coisas que me tira do sério, outras que me deprime, que me irrita, que me fazem ter alturas de querer mandar todos dar uma curva ao bilhar grande...
Mas sei que um dia, todas estas pessoas deixarão de aqui estar e sentirei uma falta imensa, uma parte de mim partirá com elas. Cresci a ter estes momentos como adquiridos, como uma constante na minha vida. Sempre me proporcionaram alegrias, sempre contribuiram para que hoje, que tenho a minha casa, ter tanto prazer em receber quanto em convidar para entrarem na minha intimidade.
É neles, que muitas vezes, vou buscar alegria, força e equilíbrio.
É neles e com eles, que quero que a minha filha cresça.

estado de espírito

Hoje sinto-me terrivelmente deprimida.
Porque ontem tive uma entrevista de emprego, onde tiveram a lata de me chamar e perguntar se estava disposta a vender equipamento da Zon de porta a porta!!
EU?!? A vender equipamento da ZON?!? De tão deprimente só me dá vontade de rir (para não chorar!)
E ainda me disseram que o meu CV era adequado e aquilo que eles ambicionavam na pessoa que desempenhasse semelhante função...

domingo, novembro 29, 2009

para a frente é o caminho...


E a grande notícia do dia desta casa é a de que a nossa 'garota gira', a nossa 'enfant terrible', a nossa 'pequena fera' já deu os primeiros passos!!!
Ainda cambaleante, ainda muito trôpega, ainda muito curtos e poucos, ainda muito a medo, mas já dá!!



Opáááááááááááááááááááááááá. Está a ficar uma crescida!! Sniff.

sexta-feira, novembro 27, 2009

ele há coisas...

Hoje, estava eu sentada numa esplanada, na converseta com a comadre, quando uma jovem ciganita a vender pensos rápidos se aproxima de nós e com aquele ar de 'compra-me-lá-qualquer-coisinha-que-sou-uma-desgraçada-pobrezinha-cigana-miserável', pergunta se queremos comprar algo do que ela tem para vender.
Acenei com a cabeça em forma de não, mas a rapariga não arredava pé e ali ficou, a fazer pressão psicológica, a olhar para nós como se fossemos umas cabras cheias de dinheiro que não ajudam um pobre coitado. Perante a nossa firmeza na resposta começou então a ladaínha do peditório.
'-Dá-me uma moeda, tenho fome, quero qualquer coisa para comer'.
E eu, peremptóriamente, sem arredar pé da minha negação, continuei a abanar a cabeça. Mas ela insistia:
'-Dá-me uma moeda, quero comer.'
E eu voltei a abanar a cabeça em forma de não.
'-Então dá-me um cigarro'
E eu, que estava a mexer no maço de tabaco na altura, tirei um cigarro do mesmo, estendi-lhe a mão e dei-lho. Assim como o fiz, assim me largou. Nem um obrigado, nem um agradecimento. Antes pelo contrário, pediu-me lume, sempre com os olhos postos em mim, a intimidar-me, a fixar-me com desdém, como se fosse a maior puta ao cimo da terra.
E agora perguntam vocês, mas porque é que deste um cigarro a quem te pedia comida?
Pois é... dei um cigarro, porque aquela 'pobre ciganita miserável que vendia pensos rápidos', de 'miserável' propriamente dito, não tinha nada. Estava limpa, bem vestida e apresentável. Cara de passar fome tinha tanta quanto eu, por isso, neguei-lhe sempre a 'moeda'.
Mais, quando me pediu o cigarro e me estendeu a mão, qual não é o meu espanto e me deparo com unhas de gel, impecavelmente arranjadas e com brilhantes colados nas pontas.
Ah pois é, 'dá-me uma moeda, tenho fome, quero comer', mas com unhas daquelas, nem eu ando, que as minhas estão cortadas rente e pintadas de verniz vermelho comprado no chinês...
Por isso, bem posso ir pedir também, que de certeza até tirava mais ao final do mês do que aquilo que recebo do estado.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Só nesta semana, a minha filha veio da creche com uma dentada no braço - feita por outro menino - e hoje, com outro galo enorme (no mesmo sítio onde bateu com a cabeça na semana passada!) porque, supostamente, viu uma menina a comer e ficou tão descontrolada, que caiu do cavalinho onde estava pendurada a baloiçar...
Continua bem disposta e gosta de lá estar, mas eu já começo a achar que aquilo não é uma creche, aquilo é uma selva!
Tadinha da minha gajola!!

quarta-feira, novembro 25, 2009

e tudo o que é bom, acaba!

E pronto, mais uma etapa concluída na minha vida. A formação que andei a fazer durante 45 dias, terminou.
Hoje já não tive de enfrentar o trânsito da manhã, nem de ouvir a crónica do Nuno Markl na Rádio Comercial, nem de procurar lugar e gastar 4€ em parquímetros diariamente, nem de começar a rir-me que nem uma perdida logo às 10h00, altura em que as aulas começavam e em que a nossa turma (que ficou carinhosamente apelidada de 'Galhofas'....) se reunia e começava a disparar e a dizer baboseiras que nem uns doidos.
Não fiz nada disso, porque ontem, foi o último dia de curso e hoje já fiquei por casa, resignando-me à minha condição de mãe e de desempregada.
Ontem tivemos direito a almoço e jantar de grupo. Fui portanto, sozinha para a borga, deixando marido e filha em casa. Ri-me muito, aliás, chorei de tanto rir, tirámos fotos que ficaram, a maior parte, todas desfocadas, bebemos sangria, comemos pouco (e mal) e fumámos que nem uns desalmados. Oferecemos flores e postalinhos às formadoras e tivemos direito a um powerpoint das mesmas, projectado em sala, onde falaram de cada formando e das suas características. De mim, disseram-me que sou meiga e transparente, entre outras coisas bonitas que agora não me lembro... Fiquei sensibilizada, confesso.
No ar ficaram as promessas de mais encontros, mais jantares ou almoços, de trocas de emails e visitas, mas, como já sei que com o tempo cada qual segue a sua vida e a disponibilidade começa a ser pouca ou nenhuma, limito-me apenas a pensar que foram 45 dias bons, rodeados por muita energia positiva e onde 12 pessoas, sem se conhecerem de lado nenhum, com gostos e estilos de vida completamente diferentes, conseguiram dar-se, revelar-se, entender-se, rir e brincar em conjunto, criando algo que certamente, ficará no coração de todos.
Não tenho dúvidas.

segunda-feira, novembro 23, 2009

higiene oral, amamentação e uma mãe à beira de um ataque de nervos

Hoje tive reunião de pais na creche da Madalena. O motivo: 'higiene oral'. Aqui há uns dias, veio para casa um aviso dirigido aos pais, de que iria haver 'formação' sobre a higiene oral nas crianças dividida por duas sessões e em dias diferentes. O primeiro foi hoje, o segundo será em Dezembro.
Assinei o meu nome para estar presente até porque tinha curiosidade sobre o tema. A Madalena já tem 3 dentes, (quase 4) e eu, apesar de lhe fazer o 'esfreganço' das gengivas, não lhe lavo os dentes propriamente dito, isto porque uma dentista me alertou de que as pastas existentes no mercado para crianças a partir de 1 ano não são as mais indicadas e devem ser evitadas ao máximo.
Movida pela curiosidade e interesse lá compareci. A hora estava marcada para as 18h30, mas eram 19h00 e continuávamos à espera. Eu confesso que o avançado da hora já me estava a stressar. A Madalena continuava na salinha dela, com as auxiliares, mas eu sei que a esta hora já ela está cravada de sono, cravada de fome e depois não há quem a ature.
Lá entrámos para a sala grande - onde geralmente metem os putos todos das 18h00 às 19h30 - e eis que começou a 'sessão' com todos os pais sentadinhos nas cadeiras. Começou bem, houve temas sobre os quais tinha dúvidas e onde aprendi como proceder.
Por exemplo, não se deve lavar os dentes dos bebés que ainda não tenham molares com escova e pasta dentífrica. Deve-se sim, a partir de cedo, enrolar o nosso dedo indicador numa compressa embebida em água previamente fervida ou soro fisiológico e 'lavar' toda a boca do bebé, esfregar o maxilar superior, inferior e língua. Quanto mais vezes o fizermos, menos o bebé sentirá a transicção quando introduzirmos a escova.
Mais, as dedeiras de silicone nada lavam, assim como uma suposta 'escova' da Nuk - que eu própria uso - que não é uma escova propriamente dita, mas sim uma 'espécie', com umas saliências rugosas que a Madalena adora porque lhe coça a gengiva. A médica dentista disse que esta 'pseudo-escova' da Nuk nada lava, é certo, mas dentro do mal, nem é assim tão má de todo e que o ideal será lavar primeiro com a compressa e depois dar-lhe isto, porque realmente é um 'excelente massajador' de gengivas que os alivia imenso.
Outra coisa que aprendi e partilho, é que a única pasta dentrífica existente no mercado até aos 3 anos de idade que cumpre as regras de flúor indicadas para as crianças é a Imodyum Júnior, que possui até 250 dpp (sendo os 'DPP' a quantidade de flúor existente na pasta). O flúor, em quantidades excessivas é prejudicial para a saúde das crianças, chegando a ser tóxico e grave. Há pastas, para crianças até aos 3 anos, que possuem cerca de 1000 dpp de flúor, o que é um atentado à saúde, podendo causar problemas como gastrites e intoxicações. A pasta da marca Chicco, por exemplo, é um desses casos e deve ser evitada ao máximo.
E tudo estava a correr bem - tirando o avançado da hora - até que a senhora médica dentista resolve, no meio daquela 'formação' sobre higiene oral infantil, falar de amamentação. Ok, achei estranho mas não liguei, porque pensei, quando vi o powerpoint, que ela se estava a referir ao uso do biberão e de como o mesmo pode alterar o alinhamento dos dentes, ou algo assim, mas eis que dou por mim a ouvir isto:
'os bebés são espertos e sabem que beber pelo biberão é mais fácil do que mamar, por isso, nunca se deve dar um biberão a um bebé'. Ok, eu quando ouvi isto ainda pensei que tivesse ouvido mal, que ela não se estivesse a referir a 'todos os bebés', ou 'aos bebés recém-nascidos', ou seja a que tipo de bebé for, de tão incrédula e parva que estava, mas ela continuou:
'se um bebé não quiser mamar de mama, em vez do biberão, devemos de dar um daqueles copos conta-gotas. Como eles geralmente detestam beber pelo copo, porque têm de fazer muito esforço, quando lhes damos a mama novamente eles acham a mama a coisa mais fantástica do mundo e já não a largam. eu se soubesse isso quando amamentei o meu filho tinha-o feito, por isso é que eu vos conto isto, porque resulta mesmo. Mesmo assim consegui amamentar até aos 9 meses em exclusivo'.
Bom... nesta fase eu já estava com vontade de partir a loiça toda, confesso. Para mim, isto foi a maior barbaridade que eu já ouvi recentemente. Dar um copo conta-gotas a um bebé em vez do biberão?!? Mas alguém no seu perfeito juízo faz isto?!? Uma mãe que não consiga amamentar, por ter uma mastite, por exemplo, deverá dar leite num copo conta-gotas a um recém-nascido ou a bebé de pouco tempo? Uma mãe que não tenha leite, deverá dar um copo conta-gotas ao seu filho? Uma mãe que tenha os mamilos em ferida, é preguiçosa por não querer amamentar mais?
Estas e outras questões assolavam-me a mente e estavam prestes a rebentar mas lá me contive. Não quis rodar a baiana em frente aos pais da creche inteira, educadoras e auxiliares, mas vontade não me faltou. Ouvir frases destas, ditas em frente a uma sala cheia de pais como se fossem sentenças de 'verdade absoluta', revoltam-me as entranhas.
Não suporto o fanatismo da amamentação que recentemente prolifera como se fosse 'máxima absoluta'. Não suporto que uma mulher, seja porque razão for, que não queira, não possa, ou opte por não amamentar, se sinta desvalorizada na sua condição de mulher e de mãe. Para mim, uma mãe que não amamente não é menos mãe por isso. Um bebé que não mame em exclusivo leite materno não é menos bebé, inteligente, ou criança. Não fica traumatizado, não é inferior.
Eu amamentei durante 3 meses (em complemento com o biberão a partir das 2 semanas) e confesso, não fiquei fã. Tinha os mamilos esfolados e em ferida. Dar de mamar provocáva-me dores de morrer, mas fi-lo, porque queria passar pela experiência de 'amamentar'.
Mas assim como dei de mamar, estava desejosa de deixar de dar. Para mim, libertar-me da mama em prol do biberão foi isso mesmo, libertador. A minha mama é a minha mama, não é do povo e isso de andar sempre com ela de fora porque a criança tem fome, fazia-me confusão ao sistema nervoso. Não é porque fui mãe que deixo de ter pudor, logo, dar de mamar em pleno shopping, na rua, no café, em frente a desconhecidos, ou até mesmo da família, sempre mexeu comigo.
Se o meu pai antes de eu ser mãe não me via as mamas, porque motivo é que eu, a partir do momento em que pari um filho, tenho de as exibir a familiares e amigos como se fosse a coisa mais natural deste mundo?
Dar de mamar é natural, não me interpretem mal, mas para mim, foi uma experiência sofredora.
Não morri de amores. Para mim, há tanta ligação e carinho no gesto de dar de mamar quanto no dar de biberão. Para mim é completamente anti-natura, exigir que uma mãe de primeira jornada, tenha de acordar de 2 em 2 horas durante a noite - e assim continuar durante o dia - para dar de mamar, num esforço inglório para que a criança coma e não perca peso. Mas quem gosta de amamentar que o faça e MUITO! Mas não me venham é cá dizer que um puto de 15 ou 16 meses, que já tem dentes, que come sólidos, que rói maçãs, mas que continua a querer a mama da mãe, que é bonito de se ver, porque para mim, não é!!
E depois falam da depressão pós-parto e disto e daquilo e esquecem-se que o bem estar da mãe passa por coisas que, tal como o nome indica, a façam sentir BEM e que não é potenciando sentimentos de culpa na pobre coitada, por não ter dado peito e ter optado pelo biberão, que a coisa melhora!
E o que me apeteceu dizer àquela senhora médica dentista, é que se tiver outro filho, assim como levei a chucha na mala para a maternidade e a coloquei na boca da minha filha mesmo quando todas as enfermeiras me criticavam por o estar a fazer, é bem provável que leve logo um biberão esterilizado e leite em pó e lhe prepare um leitinho morninho na hora!





(Desculpem-me o desabafo, mas há coisas que me tiram do sério... e quando me tiram do sério, eu expludo! E muito!!)

domingo, novembro 22, 2009

go natural

Foi o que fizemos este fim-de-semana, em que fomos até à terra dos pais do Carlos. Já não íamos à aldeia há vários e longos meses. Não é que eu não goste de lá ir, antes pelo contrário, adoro a aldeia, as casas em pedra, a solidão do lugar, o verde estampado em cada recanto, a água que corre de fininho pelos inúmeros ribeiros e riachos que fogem até onde o destino os leva, mas devido às picardias com a mãe dele e ao stress que me provoca, as idas à aldeia reduzem-se às necessárias e pouco mais. Esta não foi excepção.
Confesso que se não fosse isso, não me importava nada de lá passar as férias, fins-de-semana, de levar os amigos, de passar temporadas. O ar que se respira é puro, limpo, cortante e fresco. O frio que se entranha no rosto é real. A serra fumega de manhã, em manchas brancas, como se fosse um enorme animal adormecido e à noite deixa-se invadir pelo manto negro que a cobre como um cobertor quente.
Gosto do campo no seu estado mais bruto, mais primitivo. Gosto desta aldeia que nem um café tem, onde as gentes conseguem ser tão afáveis quanto indelicadas, onde as mãos que nos servem possuem unhas sujas, sinal de trabalho, que não me causam repulsa. Gosto da pobreza de espírito e da nobreza de alma dos que aqui vivem, da generosidade com que nos recebem.
Gosto que a minha filha cresça rodeada por certos valores que também fizeram parte da minha infância e que ainda hoje recordo com saudade.
O meu avô paterno era apicultor. A minha avó era leiteira. Tenho raízes à terra, aos bichos, à dureza da vida no campo. Passei grande parte da minha infância a correr livremente, sem horas nem destinos, numa altura em que ser criança tinha tanto de liberdade como de inconsciente.
Foram momentos tão felizes e marcantes que hoje, olho para trás, e é-me impossível não pensar neles sem esboçar um sorriso.
E só espero que um dia, a Madalena, saiba dar valor à riqueza que tem na vida dela, por ter lugares como este, onde pode sempre voltar e rejugiar-se.

quinta-feira, novembro 19, 2009

eu não aguento...

...mas não aguento MESMO, gente que me imita à descarada!!
Epá, que lata, que falta de personalidade, que falta de senso, que cara de pau!!
E, fazer a festa de aniversário da filha, praticamente igual à da minha, com o mesmo tipo de convites - feitos pela mesma pessoa - ter, tal como eu tive, o livro de honra - também feito pela mesma pessoa - ter as mesmas lembranças/ofertas - também feitas pela mesma pessoa - e se calhar, até ir fazer no mesmo espaço que eu... bom, confesso que fico de tal forma irritada, que tenho tanta vontade de ir à dita festa como de torcer um pé.
Vá lá, só não baptiza a criança no mesmo dia porque já não foi a tempo, porque senão, nem disso me livrava.
Chiça, que é demais!

Mais do mesmo...

Ontem, em conversa com um ex colega meu que já não vejo e falo há séculos, mas que adicionei no facebook recentemente, o mesmo dizia-me:
Ele: ' - Então e agora, o que andas a fazer profissionalmente?'
Eu: ' - Nada. Ando à procura de trabalho neste momento. Não me renovaram o contrato quando estava praticamente no final da gravidez e desde então que tenho estado dedicada à maternidade.'
Ele: '- Oh, que pena! E eu a pensar que já eras directora de uma revista qualquer'.
Confesso, esta frase matou-me. Talvez porque para quem me conheceu em ambiente de trabalho, numa altura - em que como este colega - eu estava responsável por um projecto editorial - tenha ficado sempre com a sensação de que seria bem sucedida e que os contratempos não me bateriam à porta. Mas bateram. Aliás, já mais do que uma vez. Já tive grandes altos e grande baixos. Nada na minha vida é muito linear ou estável. Ando sempre às cambalhotas.
Mas esta frase - que nem foi dita por ele com qualquer tipo de malícia - eu, pelo menos, não interpretei como tal, fez-me sentir derrotada, subaproveitada. Mesmo.
Como se o tempo estivesse a passar por mim e não houvesse nada que eu pudesse fazer.
E hoje, a meio do curso só pensava no tempo que me resta de subsídio de desemprego - que é pouco, muito pouco - e estava de tal forma embrulhada nos meus pensamentos, preocupada com a minha situação profissional, que devia de ter uma expressão tamanha de tristeza espelhada no rosto, que a minha colega do lado reparou e me perguntou muito séria:
'No que é que tu estás a pensar?'

quarta-feira, novembro 18, 2009

gaja que é gaja...

... pinta as unhas enquanto está parada nos sinais vermelhos e seca-as com a sofagem ligada no máximo!!!

terça-feira, novembro 17, 2009

em busca de um trabalho perdido

Hoje andei a bater pé. Corri seca e meca, imbuída do espírito empreendedor e dinâmico do 'Yes I Can', movida pela vontade e determinação de que vou ser bem sucedida nesta minha árdua (e ingrata) tarefa de: 'entregar currículos em mão e de porta a porta'.
Ora, para começar, decidi começar em grande, por aquelas que são as 'top of the top' das revistas glamourosas deste nosso pequeno pais à beira-mar plantado e, às 12h30, entrava eu pela porta da Cofina adentro, lampeira que nem um corisco. Tanto excesso de confiança deu nas vistas e claro, fui logo barrada pelo segurança da recepção que me perguntou onde é que eu ia. Lá expliquei que queria subir à redacção da Máxima e da Vogue e entregar, em mãos, o meu CV. (já que pelo email e por correio já lhes perdi a conta...)
Enquanto me pedia um cartão de identificação e tirava os meus dados, a colega, uma rapariga de farda azul, morena, pequena e muito empenhada, ligava num ápice para as redacções, enquanto eu assistia a tudo contrariada, pois já sabia que dali não ia passar.
Bem dito, bem certo. Da Vogue mandaram 'deixar o CV na recepção', lugar onde eu me encontrava, e da Máxima mandaram-me para o departamento de recursos humanos, que por sua vez nem me quis atender. Fiquei mesmo lixadinha. Tão lixadinha que praguejei.
'Eu não vim aqui para deixar Cv´s na recepção. Para isso mandava por email. Eu vim aqui, pessoalmente, para falar com alguém, apresentar-me, para que me vejam'.
A rapariga pequenina e eficiente da recepção sorriu meio a medo e tentou consolar-me na revolta mandando-me regressar amanhã: 'Sabe, eles para não a atenderem (referindo-se aos recursos humanos) é porque estão cheios de trabalho' e eu lá acenei com a cabeça, conformada e dando-me por vencida.
Saí da Cofina danada comigo mesma: 'Mas o que é que tu esperavas Mafalda? Queres ir trabalhar para as duas revistas mais elitistas e snobistas do mercado, depois queixa-te', mas como não sou gaja de desistir facilmente - e como estava apenas a umas ruas da redacção da Elle - toca de começar a andar energicamente para ir bater agora a outra porta.
Cheguei à redacção da Elle à hora do almoço. Mau, portanto. Não estava lá ninguém. E, há semelhança do que me tinha acontecida na Cofina, também fui barrada pelo porteiro que me perguntou logo: 'onde ia'. Desta vez tive sorte e apanhei um senhor simpático que me disse para regressar às 14h30, altura em que regressavam da pausa. Assim fiz.
Andei por aqueles quarteirões a bater perna e a fazer tempo. Enfiei-me numa loja tipo 'Bagatela' e gastei dinheiro em meia dúzia de coisas para a Madalena e alusivas ao Natal, almocei sozinha no chinês enquanto um plasma estava sintonizado num qualquer canal de desporto e onde só passava futebol ao mesmo tempo que eu assistia, na mesa da frente, a um casal de adolescentes que só fazia porcaria e se deixava consumir pelo desejo da paixão. Tive ainda tempo de retocar a maquilhagem e ver se o cabelo estava decente e, às 14h45, estava eu dentro do elevador a caminho do 4ª andar onde reside a redacção da Elle...
Quando passei a porta de vidro, fui parar logo ao open space da redacção/departamento gráfico. Senti-me meio tonta, confesso, ali especada, de pé, sem ter sequer uma recepção onde me dirigir e com toda a gente a ignorar-me. Mal entrei, a directora da revista -a temida Fátima Cotta que goza de uma reputação terrível no meio editorial - bateu com os olhos em mim e fez-me um olhar de desdém, como que a pensar: 'quem é esta?'. Não me intimidei. Para mim, saber que ela andava ali, de pé, a poucos centímetros de mim era a oportunidade perfeita para a abordar, só que, quando ia fazê-lo, fui interditada por uma rapariga que me perguntou delicadamente se 'precisava de ajuda'.
Lá lhe disse ao que ia, o que estava ali a fazer, que queria apenas deixar o meu CV e, se possível, dar uma palavrinha à 'Fátinha' (claro que não a chamei de Fátinha...)
A resposta do outro lado não se fez esperar: 'Ah, isso é que já não é possível. Tem de se ter marcação primeiro...'
Puufff... só me apetecia dizer: 'Yeah, right'! Marcação primeiro! E eu sou a Madre Teresa de Calcutá!' Ela nunca na vida ia aceitar uma marcação com uma perfeita desconhecida que apenas queria 'entregar um CV e falar dela mesma, mas pronto, eu fingi que sim e despedi-me entre palavras educadas e cordiais.
Apesar de ter sido curto e sem qualquer réstia de esperança, eu senti que não foi em vão... aqui ao menos consegui chegar à fala com alguém e, mais importante, a directora da própria revista bateu com os olhos em mim, viu-me e - apesar de me ter virado as costas - o mais provável foi, assim que eu saí dali, a rapariga a quem deixei o CV lho ter ido mostrar, ou dizer o que fazia ali semelhante criatura... por isso, do mal o menos.
Apesar de tudo, como ando sensível e tal, saí da redacção da Elle arrasada, a sentir que todo o meu esforço é em vão e que da forma como o mercado está, não irei conseguir voltar a trabalhar na área editorial.
Quando cheguei ao carro agarrei no volante e pensei: 'Qual o próximo destino?' Lembrei-me então da recente e novíssima Playboy, a única revista do não menos recente e instalado grupo editorial Fresta! E, nem vou de modos, agarrei no telefone, pedi ao Carlos que me visse na net a morada e, 20 minutos depois, lá estava eu à porta do edifício.
Enquanto olhava a placa gigante colocada à porta onde aparecem descriminadas todas as empresas que ali 'trabalham', reparo que aquela que procuro é no 3º andar e, quando ia para tocar, um senhor bem parecido vestido de fato e gravata e com as mãos cheias de sacos do MacDonalds toca na campaínha e apenas diz: 'sou eu, abre a porta'.
Pensei cá para comigo: 'epá, tu tens pinta de administrador, sócio, editor, director da revista' e eu não te vou deixar fugir!! Segui atrás dele até ao elevador e ficámos lado a lado à espera do mesmo. Foi nesse instante que eu, levada pela minha maior lata e coragem, me virei para o homem, encarei-o de frente e, com a maior cara de pau, me apresentei dizendo-lhe quem era e o que estava ali a fazer.
A reacção não podia ter sido mais positiva. O homem - que confesso nunca ter ficado a saber o nome, mas que desconfio seriamente ser um dos big bosses lá de dentro - foi simpatiquíssimo comigo. Disse-me logo: 'Ah, então não vou receber um currículo aqui em baixo, faça favor de subir, venha comigo, temos todo o gosto em recebê-la' e eu, contentinha da silva e a pensar que não podia ter corrido melhor, lá o segui, qual cãozinho bem mandado, até ao escritório.
Quando entrei, fui encaminhada até um sofá de pele, o senhor engravatado e educado foi a uma sala de vidro onde meia dúzia de homens se encontravam em reunião e onde deixou os sacos do Macdonalds que transportava nas mãos, em seguida, dirigiu-se a outra sala de vidro e chamou um outro rapaz que prontamente me veio receber. E foi assim, que eu, Mafalda Antunes (ou Guilhermina Mafalda, como preferirem), estive à conversa com um dos editores da Playboy durante cerca de 10 a 15 minutos. Pude falar do meu percurso, mostrar interesse na publicação, mostrar que possuo disponibilidade e experiência e que, se quiserem e puderem, não se esqueçam de mim, porque sinceramente não me importo nada que a revista mostre maminhas e mais sei lá o quê! Eu quero é voltar a trabalhar nas revistas e 'mai nada'.
O rapaz que falou comigo foi de uma amabilidade que eu confesso já não estar habituada no meio. Mostrou-se super acessível, atento e interessado, falou de que estavam a surgir novos projectos no grupo e que se houvesse oportunidade, sim senhora, não seria esquecida. Acho até que gostou da minha iniciativa. No final desculpei-me por ter aparecido ali de rompante, sem pré-aviso e por, de certa forma, ter interferido com o trabalho da equipa, mas ele lá deixou escapar um 'não é habitual fazerem isto', entre sorrisos, o que eu interpretei como algo positivo e que não os deixou indiferentes.
Despediu-se de mim com um aperto de mão bem forte - outro sinal que considerei positivo - e eu saí de lá contentíssima por ter feito o que fiz.
Claro que pode não dar em nada. O mais certo é não dar em nada, mas pá, só o facto de me terem recebido, perdido 5 minutos do seu tempo a ouvir-me, a mostrar interesse naquilo que já fiz na área, fez-me sentir valorizada e não tratada como 'mais uma', ou 'um pedaço de lixo', algo desprovido de interesse...
Porra, tenho mesmo saudades de trabalhar em equipas com homens! São tãããoooo, mas tãaãããoooo mais cordiais, educados e fáceis de lidar/conviver/trabalhar que as mulheres!!

coisas


Em dias de chuva intensa, a A8 de manhã, principalmente nos acessos a Lisboa, vira a auto-estrada do inferno. Ainda antes de chegar às portagens de Loures já eu vou em pára-arranca e assim continuo, durante quilómetros a fio, até conseguir chegar ao meu destino bem no centro da capital. É um verdadeiro teste à minha paciência (que não é de santa) e acabo sempre por chegar atrasassíma. Hoje, por exemplo, cheguei às aulas eram 10h45, quando as mesmas começam às 10h00. Não que me digam alguma coisa - a formadora é muito querida e simpática - e há sempre imensa gente que chega atrasadíssima todos os dias, mas eu chateio-me à brava comigo mesma por chegar atrasada aonde quer que seja. Odeio.
Na passada sexta-feira tive de compensar uma aula durante a tarde, por isso fui assistir ao módulo com outra turma que não a minha... e que turma! Odiei-os! Achei-os tão parvos e arrogantes que me apetecia correr toda a gente à estalada. A formadora, que é a nossa, aguentou-se nas alturas mais críticas - em que certas pessoas, propositadamente, a colocavam em cheque - e nunca deu parte fraca, mas até eu já me estava a sentir desconfortável.
No intervalo, enquanto eu fumava um cigarro à entrada da escola, ela veio meter-se comigo: 'Então Guilhermina (para quem não sabe o meu primeiro nome é Guilhermina e é frequente tratarem-me assim em coisas mais 'formais'), o que é que achou?' E eu, meio encolhida e com medo de estar a meter o pé na poça apenas disse: 'Bom..., não tem nada a ver connosco'.
Ela sorriu e acenou com a cabeça: 'Não tem, pois não? É que não tem mesmo nada a ver.'
E ali ficámos, as duas, num silêncio consentido, embrulhadas nos nossos pensamentos. Eu como formanda, ela como formadora, a pensar que para a semana acaba-se esta energia, esta química que se criou entre as pessoas daquele pequeno grupo, que é tão boa e tão rara hoje em dia.

Afinal, não sou só eu que irei ter saudades.

segunda-feira, novembro 16, 2009

peso na consciência


Ontem, numa questão de segundos, enquanto praticava a minha apresentação final de curso - que é já quarta-feira - a Madalena, que andava por aqui a gatinhar alegremente pela sala, tentou pôr-se de pé agarrada à perna da mesa de jantar e foi direitinha com a testa à quina da mesma. Só tive tempo de ouvir uma pancada seca e de saber que dali vinham gritos de dor.
Agarrei nela rapidamente para a acalmar, mas ela desatou aos guinchos, como já seria de esperar. Noutra questão de segundos a testa dela inchou ao ponto de parecer uma bola de golfe e eu senti-me desesperar, até porque estava sozinha em casa e tive medo, pânico mesmo, de que a miúda começasse a vomitar, ficasse prostrada ou qualquer outra coisa má derivada da queda.
Depois de uns minutos de choro intenso, muitos beijos e mimo e de tentar reagir o mais rápido que podia à procura de gelo, de ligar para o Carlos a dizer o que tinha acontecido e para a minha mãe a pedir ajuda, ela lá se acalmou, mas continuava muito sensível e aquela testa dela inchada, muito inchada e negra, com sangue pisado, uma coisa mesmo feia de ver.
Já não é a primeira vez que a minha filha bate com a cabeça e faz galos pavorosos, mas como o de ontem, nunca tinha acontecido. Fiquei em verdadeiro pânico e senti-me impotente e até mesmo, negligente, porque ela estava mesmo ao pé de mim quando o acidente aconteceu e eu, com a descontracção do 'deixa-a andar a gatinhar, a explorar o mundo', não fiz nada que pudesse ter prevenido. Nesta fase, em que eles ainda não andam mas gatinham a uma velocidade louca e já se aventuram a pôr-se de pé sozinhos, sem medir o perigo, temos de ter mil olhos e eu ontem, senti que só tive dois e que não estavam sintonizados na mesma direcção.
Lá consegui dar-lhe o jantar de forma mais ou menos calma e ela acabou por ir para a cama bem disposta e dormiu a noite toda. Hoje de manhã o inchaço tinha desaparecido consideravelmente e agora é apenas mais o negrão que se vê do que outra coisa qualquer, mas continuo a sentir-me má mãe.

É estupidez, eu sei, mas continuo.
(e não consigo ter de maneira nenhuma uma foto gira e 'decente' de nós as duas. Humpf :-<)

domingo, novembro 15, 2009

Estou tão orgulhosa...



...da minha pequena, que hoje, ouviu a música 'Celebration' da Madonna na televisão, colocou os bracinhos no ar e abanou o corpinho, seguido de palminhas!
Opáááááááa!!! A minha garota gira sai mesmo à sua mãezinha!! :)

Uma questão de carolice


À muito tempo que tenho o 'sonho' de editar um livro. Mas, numa altura em que se editam livros aos pontapés, da forma mais ridícula e descartável, sempre me senti medíocre na escrita para o fazer. Escrever, eu escrevo, mas aquilo que escrevo (a maior parte em blogues que vou deixando aqui e ali ao abandono, com farrapos de ideias e pensamentos meus), não considero suficientemente 'bom' para ser sequer enviado para editoras, quanto mais, editado.
Antes de engravidar e durante as horas mortas no trabalho fui escrevendo histórias infantis. Fazia-o com descrição - já que o meu trabalho na agência passava essencialmente pela escrita -, logo, muitas vezes despachava o que tinha pendente e ficava com uma horinha ou duas, em que 'supostamente' ainda estava a a trabalhar, mas que na realidade andava absorta e entretida no mundo da fantasia.
Com este esquema em prática e durante algum tempo, escrevi duas histórias 'granditas' e distintas, mas com uma base mais ou menos comum: os valores da amizade. Depois de concluídas (e numa altura em que nem sequer pensava que ia engravidar nos próximos tempos), fiquei com elas na gaveta. Mas não muito, porque logo decidi concorrer a prémios e concursos literários na esperança vã de alguma delas ser alvo de interesse.
Não foram.
Concorri ao prémio Matilde Rosa Araújo da Câmara Municipal de Almada em 2007 e claro, não ganhei, nem me disseram nem 'ai' nem 'ui', mas não desisti, e toca de andar sempre à coca do que poderia fazer para editar as ditas histórias. Numa altura em que o 'boom' de figuras públicas que editam livros infantil atingiu o seu expoente máximo, eu sentia-me a 'pseudo-escritora-desconhecida' mais azarada do mundo.
Foi então que decidi começar a enviá-las para editoras, por email e esperar que alguma se dignasse a responder-me.
Passado uns meses respondeu-me uma editora: a Papiro (até conhecida, apesar de 'pequenina') e eu fiquei felicíssima da vida. Lembro-me que quando vi o email na minha caixa de correio até se me soltaram umas lágrimazitas de alegria estúpida e pensava cá para comigo, de que afinal, toda a treta do livro 'O Segredo', da 'visualização daquilo que queremos que aconteça na nossa vida' era mesmo verdade.
Wroonnnggggg. (mais uma vez!)
A verdade é que tive uma proposta editorial sim senhora, mas não foi assim de mão beijada e como eu queria, tipo: 'adorámos as suas histórias, vamos editá-las e pronto, não se preocupe com mais nada'. Nop. Neste momento não é assim que o mercado funciona e claro, eles gostaram das histórias e queriam editá-las, mas como eu sou uma perfeita desconhecida no meio literário e livreiro, a única maneira de 'pegarem' em mim e editarem a minha obra, seria 'obrigando-me' a comprar/adquirir cerca de 200 exemplares da minha própria edição e vendê-los pelos meus próprios meios. Ora, feitas as contas, o valor era e continua a ser, insuportável para avançar.
Fiquei varrida de frustração. Mesmo. É a tal coisa, uma pessoa pensa que o sonho está perto de ser concretizável e vai-se a ver, não há bela sem senão.
Apesar de ter tentado negociar e ver se me editavam os exemplares todos sem eu gastar um tostão a editora não cedeu e eu acabei por desistir.
Voltei à carga e toca de enviar as obras para milhentas outras editoras.
Obtive várias respostas. Ao todo, acho que já tive umas 5 propostas editoriais... Mas todas, mesmo todas, 'pedem' (qual pedem, exigem!!) que eu compre parte da totalidade dos exemplares que pretendem editar, o que significa gastar uma verba ainda bastante considerável e que, neste momento, me é impossível de fazer - mais não seja pela minha condição de 'desocupada'. Justificam-se com afirmações do género; 'neste momento é assim que o mercado livreiro funciona, caso contrário as editoras não conseguem lançar novos autores' e eu, por mais que tentasse negociar, dizer que abdicava da comissão nas vendas, que apenas queria era editar a obra, a resposta era sempre negativa e incontornável da parte delas.
Confesso que sempre que dizia às editoras que me era impossível suportar parte da minha própria edição sentia-me a morrer na praia. É como estar quase a agarrar algo que se deseja muito, mas faltar a pontinha de um dedo para o conseguir fazer (neste caso, notinhas na carteira!). De todas as vezes que isso acontecia, sentia que andava a desperdiçar oportunidades pela janela e que podia ser a última vez que alguém reparava naquilo que escrevia e mostrava interesse.
Ora, há uns meses atrás, não muitos, obtive outra proposta. Desta feita de uma pequena editora desconhecida que me apresentava valores bem mais acessíveis de serem suportados. Fiz as contas e achei que se é por carolice que quero mesmo editar um livro - já que em termos de lucro, ao contrário do que muitos possam pensar, isso é nulo - então, bora lá, vamos apostar nisso e tendo em conta o número de exemplares que me pediam para suportar/comprar e o valor dos mesmos, eu conseguia 'aguentar' essa despesa.
Depois de uma acessa troca de emails fiquei a aguardar a chegada do contrato editorial a minha casa. Segundo os responsáveis da editora, o livro seria colocado à venda antes do Natal e por isso, havia urgência no assunto. Achei excelente. A altura para editar um livro infantil era perfeita e permitir-me-ia vender os exemplares que terei de adquirir com alguma 'relativa' facilidade...
Pois, mas nem tudo é como esperamos e afinal, a pressa demonstrada pela editora rapidamente desacelerou... O contrato editorial nunca mais chegava a casa e todo o santo dia eu abrir a caixa do correio em vão.
Finalmente, sexta-feira passada e depois de eu ter enviado 'não-sei-quantos-emails' e telefonemas, eis que chegou. Li-o de uma ponta à outra e agora estou aqui com o dilema de se hei-de mesmo ir para a frente com toda esta história. Isto porque eles editam a obra sim senhora e os preços até são acessíveis e eu consigo suportá-los, mas... o número de exemplares que irão ser editados é baixa, baixinha (apenas 300), eu lucrarei apenas 1,20€ por cada obra vendida - sendo que a mesma irá ter, à partida, um preço de venda ao público de 16€ (algo que considero caríssimo para um livro infantil) - terei de ser eu a organizar a sessão de lançamento (coisa nunca antes vista, ou seja, essas despesas sairão todas do meu bolso), além de que não vejo em lado nenhum livros da dita editora à venda, não terei uma palavra activa na escolha do tipo de ilustração/grafismo que a obra irá ter, ou saberei, sequer, como pretendem divulgar a obra.
Ou seja, basicamente, eu fui a cabeça que idealizou a história, a base de tudo, mas é a editora que fica com todos os eventuais lucros. O autor, (por ser desconhecido, pobrezinho, pequenino, e todos os diminuitivos possíveis de serem aqui referidos), é remetido à sua insignificância...
Mais, se de futuro quiser rescindir contrato com a editora, ainda terei de a indemnizar por todos os livros colocados à venda no mercado... logo, acho que desta história não tiro proveito nenhum, apenas e só a 'carolice', o de saber que editei um livro, que alguém, remotamente, poderá vir a comprar ou a ler ao seu filho, sobrinho, afilhado, etc..
E sinceramente, não sei a tenho carolice para tanto.
Só sei é que esta história, este 'sonho', me deixa um forte sabor agridoce na boca.

sábado, novembro 14, 2009

eu quero um sítio só para mim!

A minha mais recente demanda doméstica é conseguir ter uma escrivaninha. Pronto, algo tão simples de realizar como 'ir-ao-ikea-e-trazer-de-lá-uma-palete-com-uma-escrivaninha-maravilhosa-em-mil-peças-que-o-gajo-depois-irá-montar' e que me permita ter o meu usado, mas único portátil, num sítio digno para o mesmo. É simples, de facto, mas claro que comigo tem de ser difícil.

Primeiro porque o meu portátil, por ser, tal como o nome indica, um portátil, pode ser levado para todo o lado, logo, não 'precisa' necessariamente de um sítio onde marcar território. É assim comum ver-me a escrever no meu portátil nos mais variados sítios desta casa: no sofá, na cama, na mesa de jantar, na mesa da cozinha enquanto espero que a panela de pressão acabe de guisar a carne de vaca, até no quarto da miúda eu já escrevi posts e consultei a net, mas confesso que esta 'promiscuidade' de locais não me agrada nem um bocadinho.

Eu, apesar de não parecer, tenho coisas em que sou a atirar assim para o 'tradicional' e confesso que gostava MUITO de ter um sítio, um canto, uma mesa, enfim... uma ESCRIVANINHA, onde pudesse concentrar-me como deve ser, sentar-me e dedicar-me à escrita, ter, quem sabe, uma moldura ou outra a embelezar o sítio, uma jarra com crisântemos ou gerberas, algo assim bonito, algo feminino, algo recatado, algo assim:


Pronto, era um sonho, mas neste momento é um bocadinho difícil de realizar, porque não tenho nem espaço onde enfiar uma escrivaninha, nem este tipo de mobília fica bem com a decoração da maison da madamme. Claro que o gajo não tem uma escrivaninha. Escrivaninha não é coisa de 'gajo', é coisa de 'menina', com gavetinhas minúsculas, toda cheia de 'rocócós' e ainda por cima branca. Não, gajo que é gajo tem uma secretária imensa cheia de tralhas que são só dele; filmes sacados da net, toneladas de cd´s, todo o tipo de carregadores (do telemóvel, da plasystaton, disto e daquilo), clips, fita-cola, até o Mr. Invencible lá está, porque ele não tem um portátil nem um PC, não, ele e tal como todo o gajo que é gajo e designer gráfico, tem um Mac, 'fixo', logo, o nosso 'pseudo-escritório' é todo dele. Não há cá jarras com flores bonitas nem molduras com momentos felizes para ninguém. Há bolas da Nike e muita tecnologia.


Sendo assim, resta-me sonhar que um dia, ainda morarei numa casa onde tenha um recanto só meu, cheio de luz, com tecidos e flores de cores vibrantes, como rosas, lilazes e verdes e onde a minha escrivaninha será branca imaculada, com gavetinhas minúsculas mas românticas, cheia de rocócós mas elegante e nela estará, sereno e no seu trono, o meu já velho mas resistente portátil.